PRIMEIRÍSSIMA ENTREVISTA : DUDA MENDONÇA

Ela não tem “travas na língua” em dizer que São Carlos anda cheio de “os mesmos grupos de play boys, patrícias , algumas pessoas que valem a pena e dezenas de assalariados arrogantes”, e cada dia ganha mais espaço com seu trabalho performático. Freqüenta lugares que a um tempo atrás seria impensável que pudesse estar, devido a estereótipos, preconceitos e falta de informação. Ligada na moda, diz que não sai de casa sem Fernando Pires nos pés, e fervilha quando vê uma criação de Donna Karan e do brasileiro Lino Villaventura, pois “investimento é tudo”.
Afinal, vestir roupa de mulher e salto alto, não é pra qualquer homem, e sim, pra Duda Mendonça, ou o Eduardo? Como se separa?
Segundo ele, o Eduardo, é impossível, só quando tira a peruca que não é a Duda, e ela o complementa, o faz forte e corajoso. Uma história linda, de muita luta e trabalho diário pra ganhar respeito e claro, seu dindin.
E olha que eu o conheço desde muito tempo atrás, melhor não citar data. Qualquer dia eu mostro uma foto de um evento que eu ajudei a preparar a Elke Maravilha, e lá estava ele no cantinho se preparando pra fazer vitrine viva. Tenho o maior carinho por ele.

EQUIPEFERRAGINI: Como se prepara a Duda Mendonça? Ela já teve alguma saia justa? Pode contar?

DUDA MENDONÇA: Hoje em dia é tudo muito mecânico... geralmente os shows começam na sexta, isso inclui depilação pela manhã de sexta, unhas, manutenção nas perucas, acessórios, etc. Tenho alguns rituais de banho e make muito peculiares,
Saia justa já tive váriasssssssssssssssssssssssssssss, por exemplo, trocar nome de homenageados em telegramas animados, perder a saia em festa particular de aniversário, levar uma bela passada de mão na bunda de um noivo...dar de cara com uma pessoa homenageada que eu ooooooooooodeio e ter que fingir de loka e passar por cima. Essas coisas geralmente acontecem de tempos em tempos, mas é uma coisa que hoje em dia, tiro de letra!
EQUIPEFERRAGINI: Animar festas, provocar risos, despertar alegrias. E o Eduardo, como ele é?
EDUARDO: O Eduardo é um Palhaço acorrentado. Tímido , e com uma cabeça que não para de ferver idéias, hoje em dia tudo gira em torno da minha personagem, que é quem sustenta o Eduardo, então trabalho muito pra ela!
EQUIPEFERRAGINI: - Como se escolhe um bom profissional? Como transformou seu trabalho em algo profissional? Quando e como isso ocorreu? Quais áreas você destacaria em São Carlos onde existem bons profissionais?
DUDA MENDONÇA/EDUARDO: Um bom profissional, se escolhe pela sinceridade, e uma análise bem feita e teste de capacitação.
Meu trabalho se tornou profissional a partir do momento em que eu comecei a perceber que era persona grata, sempre muito convidado. As pessoas faziam questão da minha personagem, aí eu parei e disse pro meu espelho: Opa, tá funcionando...!
Nunca vou me esquecer, meu primeiro telegrama animado pago, foi a exatos 9 anos atrás, foi um sucesso, de lá pra cá...só somei...nunca me desrespeitei no sentido de ser usado, sempre soube dar valor a cada coisa que comprei pra trabalhar, pensando assim, nunca passei um fim de semana se quer sem trabalhar, Aqui em São Carlos, aposto muito na área da beleza, com excelentes profissionais!
EQUIPEFERRAGINI: Se não morasse em São Carlos, viveria em ......
EDUARDO: Gosto muito de Morar aqui, apesar dos pesares...é uma cidade que me conforta muito...sou muito grato à cidade, ao meu bairro, aos meus amigos daqui...mas acho que se eu não morasse aqui estaria em alguma cidade menor ainda!!!

Esta é a Duda, ou melhor, o Eduardo, ou quem sabe a Duda, ou o Eduardo... enfim, ele topa falar de tudo, é uma energia maravilhosa como pessoa e alguém que admiro. Topou essa entrevista por e mail preparada pelo Hamilton. Falou sobre preconceito, sobre homossexualidade e a “modinha” de se falar sobre gays na TV, e que a luta é diária e individual contra a violência do que se escolhe ser. Fim do armário pra quem quer, brada valentemente.
Valeu Duda, valeu Eduardo. Muita luz pra ti.
Reginaldo